quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Professores, excluídos digitais

Marta Vanelli*

Em pleno século 21, com os computadores invadindo as empresas, as indústrias, órgãos públicos e até os lares, os/as professores/as, que são responsáveis pela informação e formação do indivíduo, estão longe do contato com essa tecnologia. Pelo menos é o que diz a pesquisa da Unesco "O Perfil dos Professores Brasileiros: o que fazem, o que pensam e o que almejam", realizada recentemente e divulgada amplamente pela imprensa nacional e estadual.

Entre todos os docentes brasileiros, 58,4% jamais navegaram pela Internet e 59,6% nunca usaram e-mail, sendo que entre os que ganham de dois a cinco salários mínimos, 77% não têm computador em casa. Não é para menos, já que os salários não permitem essa aquisição. mesma pesquisa constatou que um/a em cada três professores/as brasileiros/as é pobre.

Na Região Sul, apenas 27,8% dos/as professores/as das quatro redes de ensino federal: estadual, municipal e privada - recebem acima dez salários mínimos (R$ 2.400,00). E quem puxa esse índice para baixo é a rede estadual de Santa Catarina, que paga o pior salário da região: R$ 359,46 contra R$ 455,28 no Rio Grande do Sul e R$ 721,00 no Paraná. Além disso, a maioria dos municípios catarinenses paga melhores salários que o Estado, como é o caso de Jaraguá do Sul, que paga um piso de R$ 1.139,00; Chapecó, R$ 828,50; Blumenau, R$ 726,83; Joinville, R$ 711,16; entre outros.

Apesar de se declararem pobres, a maior parte dos/as docentes brasileiros/as não acredita no ensino público e preferem colocar seus filhos em escolas particulares. E, quando se fala, em educador/a, é normal pensar naquela pessoa culta, que costuma ler bastante, ir ao cinema, ao teatro, ao museu, conhecer lugares diferentes, outras línguas, etc.

Mas essa não é a realidade no Brasil, segundo a pesquisa da UNESCO. Só para se ter uma idéia, 29% dos/as professores/as brasileiros/as nunca foram ao cinema; 17,4% nunca assistiram a uma peça teatro; e 14,8% jamais visitaram algum museu.

Além disso, apenas 23,5% lêem jornal uma ou duas vezes por semana, 9,5% a cada 15 dias e 3,7% nunca lêem. Essa realidade causa um impacto muito grande sobre a qualidade da educação.

A principal fonte de informação dos/as docentes brasileiros/as é a TV, que é assistida diariamente por 74,3% dos/as educadores/as. O rádio vem em segundo lugar, com 52%. Essa situação, só fortalece o que o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (SINTE/SC) vem reivindicando ao longo de sua história de lutas: a valorização do/a professor/a, com salários mais dignos, formação adequada, melhores condições de trabalho e um plano de carreira, cargos e salários que contemple as necessidades da categoria.

* Secretária de Políticas Educacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores de Educação (CNTE )e presidente do Sindicato dos Trabalhadores em educação de Santa Catarina (Sinte-SC) Retirado de http://www.portaldoprofessor.inep.gov.br/

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei muito dessa reportagem, já imaginava que isso acontecia com os professores do nosso Barsil e a informação veio a confirmar o que não deixa de ser lamentável. perguntamos: Até quando?